Receber o diagnóstico de câncer não é fácil. Com a fragilidade do assunto, formas de tratamento e muitos medos, também surgem questionamentos: Em quanto tempo estarei bem? Como compartilhar a notícia? Que sonhos vou poder realizar? O que vai mudar no meu corpo? E afinal, gravidez depois do câncer é possível?
Com o avanço dos tratamentos e pesquisas, todas essas perguntas ganham respostas com cada vez mais perspectivas positivas, principalmente de renovação da vida.
Embora a comunidade médica reconheça a agressividade de tratamentos como radio e quimioterapia que podem comprometer a fertilidade da mulher, mesmo que temporariamente, a rapidez do diagnóstico, suporte psicológico e especialidades como a oncofertilidade — campo médico que surgiu com o objetivo de manter a fertilidade de pacientes com câncer — mantém a esperança das pacientes.
Mas por que oncofertilidade?
Ao descobrirem a doença, muitas mulheres alteram a percepção sobre suas vidas e são apresentadas a terapias intensas, com impactos significativos sobre seu corpo e autoestima. Muitos sonhos que talvez não estivessem tão próximos pela idade, disponibilidade de parceiro e até momento de vida, mas que não precisam ser descartados pelo câncer, como o de ser mãe, são colocados em jogo.
A oncofertilidade surge como uma opção de escolha para a mulher
A gravidez que é tão associada à saúde parece uma realidade distante da paciente com câncer. A verdade é que os ovários, hormônios e todo o sistema reprodutor feminino são muito sensíveis ao tratamento oncológico, que pode diminuir o número de óvulos e induzir a menopausa precoce.
Mesmo em casos de câncer de mama e ovários, a situação que poderia não parecer favorável ganha novos ares com a oncofertilidade. Pacientes que sofreram mastectomia de uma mama podem amamentar, há perspectivas de tratamentos seriados para quem descobre a gravidez durante a terapia e sempre há a possibilidade de exercer a maternidade de diversas formas.
É importante lembrar que não só as chances de cura aumentaram exponencialmente, como a especialidade é dedicada à preservação da fertilidade da paciente, que pode tornar a gravidez depois do câncer possível e sadia em seu próprio corpo.
Para que a paciente possa descobrir a vida novamente, três principais técnicas são utilizadas: vitrificação, medicamentos e proteção, além de pesquisas com criopreservação do tecido ovariano.
Criopreservação
A criopreservação consiste no processo de congelamento de óvulos, antes da paciente ser submetida ao tratamento de câncer. Em casos de quimioterapia, o tratamento é adiado em cerca de duas semanas e a mulher recebe medicamentos para incentivar a ovulação.
Com a coleta feita, os óvulos são armazenados de forma segura e com um estoque de sobrevida confiável (cerca de 95%), para que a gravidez seja adiada para um melhor momento. Caso tenha um parceiro, podem ser preservados os embriões, e, também é possível receber um óvulo congelado por doação.
A criopreservação é o método mais recomendado por oncologistas e especialistas em reprodução assistida.
Medicamentos e proteção
Outra alternativa é utilizar medicamentos que “adormecem” os ovários e pausem o ciclo ovariano durante o tratamento com quimioterapia, diminuindo os danos.
Essa possibilidade geralmente é acompanhada de mantas de chumbo e protetores que reduzam o nível de radiação na região do útero, nos casos de radioterapia, mas não são tão eficazes quanto o congelamento de óvulos.
O método depende muito da idade da paciente — quanto mais nova, menor a chance de entrar em menopausa precoce depois do câncer, mas em pacientes com idades mais avançadas, trata-se de uma opção de risco.
Criopreservação do tecido ovariano
Para preservar os ovários, alguns médicos sugerem o reposicionamento do órgão para evitar a incidência da radioterapia. Mas outra alternativa que vem ganhando força é a criopreservação do tecido ovariano, que indica o congelamento do tecido ovariano antes do tratamento do câncer para depois retransplantar na área dos ovários.
O que esperar da gravidez após o câncer?
Com um diálogo aberto, suporte de bons profissionais e com os métodos citados, a gravidez após o câncer pode ser muito saudável.
O prazo para engravidar após vencer a luta contra o câncer varia, e embora muitos médicos recomendem um tempo de no mínimo dois anos, apenas o especialista que tratou do caso pode definir o período ideal, que tem eficácia mais garantida de acordo com o tratamento que a mulher optou, como o congelamento de óvulos antes da quimioterapia, por exemplo.
Para os pais que se preocupam com a saúde da criança, só boas notícias: o risco do bebê nascer com alguma sequela não é maior, tema que já foi pesquisado entre pais e mães que realizaram tratamento contra o câncer.
E para quem precisa de mais uma motivação para conquistar o sonho de ser mãe mesmo em momentos difíceis: a amamentação reduz em dois terços a possibilidade de um câncer de mama!
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